quinta-feira, 21 de março de 2013

Tercetos - Olavo Bilac

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

" Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

E como queres que eu me vá, triste e sozinho,
casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves ? É o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,


Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! Deixa que amanheça!"
- E ela abria-me os braços. E eu ficava.


O poema expressa sentimentos de amor, de ternura, de apego...além de um forte sensualidade que lhe transborda por todo texto. É o lado de Bilac, que foge ao perfil exigente do parnasiano. Porém como condená-lo. quem estando totalmente agasalhado, nos braços de quem se ama, vai dar valor às horas, se nesses momentos, os tempo é o que menos importa.

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