segunda-feira, 18 de março de 2013

No meio do caminho - Olavo Bilac

Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
E trite, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma povoada de sonhos eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, preso à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que o teu olhar continha.

Hoje segues de novo...Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu  vulto que desaparece


Na extrema curva do caminho extremo.      

Observe-se o último verso, o eu-lírico enfatiza a dor dele através das palavras, convidando o leitor a visualizar o caminho, a curva, curva que esconde a imagem da mulher amada.
A palavra "extrema\extremo", a mesma palavra em gênero diferente, gerando sentidos e forças diferentes e ao mesmo tempo, para conclusão, que a separação, em uma relação, é o extremo.
Esse soneto me chama à atenção, não por seus quiasmos, por suas rimas, se pobres ou ricas ou por seu argumento de encontros e desencontros, esse paradoxo da vida que é o amor e o ódio. Contra-argumentar se existe felicidade ou momentos felizes, se é tudo passageiro, portanto aproveita enquanto pode, "enquanto dure" como escreveu Vinícius.
O que me marca mesmo, no poema, é ver um parnasiano, defensor da forma e do conteúdo, render-se ao subjetivismo, ao lirismo pra mim romântico. Mas que lindo soneto, e que ninguém me venha com inspiração em "Divina Comédia". E só pra lembrar " No Meio do Caminho tinha uma Uma Pedra". 

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